Hoje eu venho falar de um tema que não tem muito a ver com Tecnologia na CI, mas que afeta a forma como essa tecnologia pode ser criada/alavancada no Brasil. Eu já vinha preparando esse texto a um longo tempo, mentira eu me propus a fazer isso ontem depois que ouvi a noticia que vem a seguir, sobre o porquê do Brasil não ocupar uma papel de protagonismo na questão de tecnologia e inovação.
Ontem Silvio Meira, no programa bits da noite, chamou atenção para a notícia de que a comissão de ciência, tecnologia, inovação, comunicação e informática (CCT) do senado aprovou fim do contingenciamento para inovação e tecnologia que, como o nome sugere, veda o contingenciamento de recursos orçamentários destinados ao desenvolvimento científico e tecnológico.
O que chama a atenção é o valor destinado para o fundo nacional de desenvolvimento científico e tecnológico que foi de 1 bilhão de reais. Então, isso quer dizer que, a maior reserva financeira de investimento à ciências e tecnologia disponibilizado pelo governo, equivale a 1.000.000.000 de reais,muito menos do que os nossos deputados receberam de emendas parlamentares.
Isso na verdade dói um pouco por que, estima-se que quase a metade (47%) do investimento de pesquisa do Brasil é privado. Se formos para países mais conhecidos nessa questão, como Estados Unidos e Alemanha (66%) e Coréia do Sul (73%), a maioria do orçamento da pesquisa vem da iniciativa privada.
Além disso investimos pouco. Em uma pesquisa da Batelle mostrou que o Brasil investiu, em 2014, apenas 1,3% do seu PIB (cerca de 33 Bilhões de US$). Vale lembrar que em 2014 estávamos no início da crise e que esse número deve ser BEM menor hoje. Apesar de sermos o 10º maior investidor (os EUA investem 465 Bilhões) vemos países como Israel (que investe 11 Bilhões de US$ e 4.2% do PIB) e Canadá sim investimos mais do que eles (com seus 30 Bilhões e 1,9% do PIB) serem mais competitivos do que nós em tecnologia e inovação em escala global.
É interessante ver outro ponto neste relatório da Batelle é que países como Itália, Holanda e Irlanda possuem respectivamente 3x, 4x e 4x mais densidade de pesquisadores do que o Brasil,mas eles não estão na copa do mundo. Quando o assunto é futebolístico, o jorna extra destaca que o Brasil investiu 2x mais em pesquisa do que na própria copa do mundo.
Mas o que eu quero chamar a atenção,roubando a ideia do Silvio Meira, é que se considerarmos que empresas como Amazon (investe 16.1 Bilhões de US$) investe pouco mais que a metade do que todo o Brasil em pesquisa, temos todos os elementos necessários para chegar a algumas conclusões.
Ontem Silvio Meira, no programa bits da noite, chamou atenção para a notícia de que a comissão de ciência, tecnologia, inovação, comunicação e informática (CCT) do senado aprovou fim do contingenciamento para inovação e tecnologia que, como o nome sugere, veda o contingenciamento de recursos orçamentários destinados ao desenvolvimento científico e tecnológico.
O que chama a atenção é o valor destinado para o fundo nacional de desenvolvimento científico e tecnológico que foi de 1 bilhão de reais. Então, isso quer dizer que, a maior reserva financeira de investimento à ciências e tecnologia disponibilizado pelo governo, equivale a 1.000.000.000 de reais,
Isso na verdade dói um pouco por que, estima-se que quase a metade (47%) do investimento de pesquisa do Brasil é privado. Se formos para países mais conhecidos nessa questão, como Estados Unidos e Alemanha (66%) e Coréia do Sul (73%), a maioria do orçamento da pesquisa vem da iniciativa privada.
Além disso investimos pouco. Em uma pesquisa da Batelle mostrou que o Brasil investiu, em 2014, apenas 1,3% do seu PIB (cerca de 33 Bilhões de US$). V
É interessante ver outro ponto neste relatório da Batelle é que países como Itália, Holanda e Irlanda possuem respectivamente 3x, 4x e 4x mais densidade de pesquisadores do que o Brasil
Mas o que eu quero chamar a atenção,
- Investimos pouco;
- Investimos mal;
- Formamos pouco pesquisadores;
Por que investimos pouco? Por que existe uma considerável dependência do capital público para pesquisa (lembrem-se, ESTAMOS EM CRISE) e o tamanho do espaço que há para a iniciativa privada fomentar pesquisas e quando olhamos para o percentual do PIB investido, temos a certeza que poderíamos ter números melhores do tamanho do investimento (a Índia investe mais do que nós).
Por que investimos mal? Se considerarmos que países que possuem excelência em C&T tais como Israel, Canadá e Suécia (de quem compramos aqueles caças) investem menos do que nós, e em alguns casos, MUITO menos do que nós (Dinamarca, Noruega e Cingapura), nos perguntamos por que existem tão poucas (relativamente falando) pesquisas no Brasil que ganham relevância global e que de fato se tornam produtos que tornam as vidas melhores.
Por que formamos poucos pesquisadores? Não vou argumentar pelo caminho dos números, e sim, pelo modelo de academia que vigora no Brasil (e que resulta nestes números). No Brasil, são minoria as pesquisas que são ligadas a indústria, ainda não é comum no nosso país empresas trazer para dentro de si a academia (e a academia ir para indústria também) como é no Reino Unido e Canadá.
E no quê que isso resulta? Isso resulta em mestres e doutores que, em sua maioria, são formados para retro-alimentar a academia e gritar por concursos públicos nas universidades e órgãos de pesquisa. Temos muitos mestres e doutores prestando consultoria em empresas privadas, mas poucos que, efetivamente, fazem pesquisa dentro das empresas e assim torna o pesquisador um terceirizado (o que não é ruim para uma parcela das empresas, mas é horroroso quando falamos de uma maioria delas).
E por que uma empresa deveria contratar um pesquisador. Juro que não vou comentar a questão de que empreender no Brasil é complicado (embora não dê para desconsiderar isso). Mas o pesquisador não deveria ser àquele que ajuda as empresas a resolverem seus problemas através da pesquisa? Quantas empresas no Brasil não tem problemas relativos a tecnologias, produtos inadequados ou até mesmo falta de inovação. Vemos ai um problema de mão dupla: (i) as empresas não conseguem (ou até conseguem) enxergar o valor de possuir pessoas qualificadas e habilitadas em resolver problemas para deixá-la mais competitiva. (ii) São formados pesquisadores mais preocupados (e quase histéricos) em produzir suas dissertações e teses (as vezes artigos científicos) do que em resolver as problemas das pessoas fora da academia (e das empresas que pagam por isso).
Criamos doutores para entrarem nas universidades e gerarem mais doutores mantendo esse dead lock ciclo, até que a Pirâmide de Ponzi não mais se sustente e tenhamos que ver coisas deste tipo ou destes tipo. Então o problema do Brasil para a pesquisa não é só a falta de verba, nem muito menos a falta de competitividade e sim a falta de propósito, de um plano de inovação que mostre para a academia como fazer o Brasil mais forte/competitivo/eficiente.
Vejamos esta notícia, socialmente falando ela é ótima pois aponta que o número pessoas que acessam as universidades do Brasil aumentou, mas o nosso problema é: O que aconteceu com essas pessoas? Será que realmente a realidade de um número considerável delas mudou? Na Alemanha, existe uma preferência pelo ensino técnico e que pasmem, podem ser financiadas pelas empresas.
Enfim, temos muito que aprender com esses países (ou mesmo empresas) quando se trata de pesquisa e inovação, mas o que torna preocupante o papo colocado nesse blog é: Que nesse ritmo, em um futuro não muito distante, o Brasil será já o somos majoritariamente consumidor de tecnologia estrangeira.
Abraços a todos...